segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

sábado, 20 de agosto de 2011

As passagens e os meios

Muito se fala sobre a qualidade das passagens feitas pelos repórteres em telejornalismo. O artifício tem como principais objetivos enaltecer, ressaltar e destacar determinada informação. É importante ressaltar que, quando se trata de telejornalismo, a informação precisa ser considerada em um contexto, assim, dados, narrativa, entonação, composição, performance e dinamismo precisam ser pensados afim de facilitar a compreensão do fato narrado.

Como informação indispensável, o texto por si só já desempenha papel de composição. Um conteúdo bem elaborado para a passagem que transmita ritmo e firmeza para todo o contexto da matéria é elemento fundamental para a coesão do tema e para a compreensão eficaz do telespectador. Porém, outro detalhe que merece atenção do jornalista ao pensar, não o texto, mas a colocação da matéria é o aspecto físico da montagem. Neste ponto, é necessário sensibilidade e um tom de senso crítico do profissional para a escolha do local onde a passagem será gravada. Um bom relacionamento com sua equipe, principalmente com o repórter cinematográfico, que tem uma visão diferenciada da imagem, e uma coesão afiada com a narrativa, são detalhes essenciais.

O primeiro ponto que requer atenção é a escolha do tema. Como já foi dito acima, ressaltar e reforçar a parte mais importante do assunto é uma boa saída para a passagem. Outro artifício é colocar na passagem a informação onde não se tem a cobertura de imagens ou não é possível usar artes.

Em segundo lugar é necessário coesão de tempo. Por muitas vezes a matéria é montada por mais de um repórter ou então em dias distintos. Assim, gravar uma passagem a noite, quando as imagens em maioria foram feitas durante o dia, ambientes que contrastam entre si e mudanças repentinas de ambientes sem coesão com o texto merecem atenção do repórter para não competirem com a informação que deseja ser passada.

A iluminação também deve ser uma preocupação. Muitas vezes as equipes de jornalismo, principalmente as do interior, não possuem um iluminador ou uma abrangência significativa na qualidade de equipamentos. Assim, os profissionais devem dar preferência a ambientes com boa iluminação e qualidade natural de imagem para que, no televisor e na geração das imagens, a narrativa não saia prejudicada.

Por fim, mas não menos importante, a composição do ambiente. O telejornalista precisa ter a ciência de que tudo que é dito e, principalmente, tudo que aparece em imagem no vídeo é captado por algum telespectador mais atento. Nada foge da imagem daqueles que buscam a informação. Assim, em um ambiente aberto, na rua, por exemplo, o telejornalista precisa (ai a parceria com o repórter cinematográfico é extremamente importante) ter cuidado redobrado com as informações do ambiente. Vamos explicar: suponhamos que o repórter esteja no centro de uma cidade, com muitas lojas, população transitando e o tema tratado requer extrema seriedade. Ficaria, no mínimo constrangedor, que houvesse, ao fundo (mesmo que de forma discreta) uma placa de anúncio de uma loja de sex shop. Ou então, o tema sendo tratado seja de religião e ao fundo aparecesse uma placa de anúncio de uma cartomante. Coesão e cuidado precisam ser detalhes básicos.

É preciso, então, que o profissional tenha em mente que montar uma passagem de telejornalismo vai muito além de pensar qual a informação será feita ou como ela será transmitida. É necessário atenção para todos os seus componentes. Bom senso e atenção devem ser uma constante na rotina destes profissionais. Afinal, muitos são os artifícios para montar uma boa matéria, mas inúmeros são os detalhes que podem derrubar uma informação.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Os filhos da mãe

Esta crônica sai do tema deste blog. Mas, em um momento de questionamento achei interessante escrevê-la....


=========



Uma linda história de amor. Reconhecimento e gratidão que não têm fim. Se pudessem traduzir, este, sem dúvida, é o amor mais puro e transparente que pode existir. As mães, criaturas especiais e únicas. Muito provavelmente "mãe" é a primeira palavra que sai de nossa boca, quando estamos aprendendo a falar. Mãe deixa de ser simples palavra e vira nome próprio, nosso e de mais ninguém. Indivisível e ao mesmo tempo multiplicável. Afinal, no coração de mãe sempre cabe mais um e o amor é, sempre, igual e especial para cada um de nós.


De outro lado, o pai. Ser robusto que passa segurança, fortaleza e energia. Com pulso firme e companheirismo únicos, são nosso exemplo de batalha e luta no dia a dia. Se as mães nos ensinam a doçura e ternura, os pais nos passam a força e os bons (aos olhos deles) gostos. A mãe nos ensina a religião. O pai, o time de futebol. E aí está o começo de tudo, somos, enfim, seres humanos.



A escolha do time de futebol é feia à revelia, por indicação, por indução ou naturalmente. O fato é, o time e seu e ninguém tasca. O brasão do clube se gruda ao seu peito e faz dele uma só pulsação. Faz dele seu. Por mais que haja milhões dividindo uma mesma paixão, não, não, o time é seu. Já imaginou, alguém fazer mal ao SEU time? Situação hipotética improvável e inconcebível.


Eis que, mesmo a contragosto da mãe, você vai ao estádio, que antes era uma visão longínqua dividida apenas modelável pela tela de uma televisão. Seu pai pensando, "este é meu garoto". Você está lá, frente a frente com seu time, seus ídolos. Dando certo ou não, seu time ganhando ou não, ele é seu e merece suas lágrimas, suas cordas vocais, sua vibração, sua entrega.



Como todo filme de amor tem seu momento de tensão e desgraça, neste "sonho", há um vilão. O ser, muitas vezes vestido de calção preto e camisa amarela (variando para preta e laranja - realmente, guarda-roupas limitado) é o tal. E ele tem súditos e seguidores, que fazem parte de sua corja do mal. Vestem a mesma indumentária, mas ao contrário do mestre, possuem uma área de atuação limitada. Têm, porém, ela: a bandeira. Quadriculada e mortal. A liga recebe vários nomes: trio de arbitragem, juiz e bandeirinha, por aí vai...


Autoridades máximas do futebol dentro das quatro linhas. Autoridade pros jogadores, técnicos e comissão técnica. Já para as torcidas.... Vai tentar convencer à torcida que eles não são filhos de pessoas de vida fácil...se conseguir, parabéns, meu caro, você é um vencedor - muito provavelmente com alguns hematomas para contar a história.

Todos nós, que no início aprendemos o lindo sentimento do amor materno, nos transformamos. A única mãe que presta é a nossa. Já a do árbitro e dos bandeirinhas....eles são todos filhos delas...mas elas....não são nem um pouco louváveis. Não são mais donas de casa, enfermeiras, professoras, engenheiras, etc. Deixam de ser Luizas, Marias, Rafaleas. Passam a ser, única e exclusivamente, as culpadas. Onde já se viu, o filho "delas" prejudicar o bem maior do ensinamento que seu pai lhe passou? Imperdoável.

Lá vai uma sugestão: que tal lembrarmos que somos todos filhos de alguma mãe? Levantemos uma bandeira, a bandeira do respeito a mãe alheia, pensando nos ensinamentos de nossas progenitoras. Mas, se o árbitro, insistir em ferir o SEU time...esqueça a teoria do bom relacionamento social...afinal, antes a mãe dele do que a nossa...

domingo, 12 de junho de 2011

Informação e credibilidade: percepção dos signos em Telejornalismo

A transmissão em telejornalismo é muito mais complexa e completa do que muitas pessoas pensam. A junção de diferentes artifícios da comunicação e de técnicas da produção e emissão da mensagem fazem a diferença para o trabalho final, seja ele informar, ou prender a atenção do telespectador. Além da voz, o repórter aparece no vídeo durante a transmissão de uma notícia em TV. Portanto, é indispensável que ele tenha cuidado com a postura corporal, seus gestos e com sua expressão facial. Quanto mais natural e sincero em suas gravações ele for, mais credibilidade ele irá transmitir. Como considera Constantin Stanislavski, “para representar verdadeiramente, vocês devem enveredar pelo caminho dos objetivos certos, como se estes fossem sinais de demarcação a orientá-lo através de uma planície árida e deserta” (STANISLAVISKI, 1989, p.27 e 28).

Os textos decorados, ao serem gravados, soam menos naturalmente do que quando se está em uma conversa informal. Mesmo que mais experiente ou natural que o repórter esteja, sempre fica sujeito a ansiedade. Portanto, as cadeiras de faculdade, que ensinam e dão diretrizes aos estudantes de comunicação, precisam transmitir aos mesmos que compreender um fato e contá-lo ao telespectador é mais importante do que tratá-lo com excessiva distância, decorá-lo e simplesmente falá-lo. Humanizar o fato deve ser uma preocupação, facilitando a aproximação entre opostos.

Antes mesmo que algum texto seja dito durante a passagem o repórter já emitiu uma mensagem através dos seus elementos não verbais, os movimentos do corpo. O repórter não deve aparecer falando sobre o falecimento de alguém, com expressão de felicidade, com sorriso no rosto. É preciso que o corpo esteja em sintonia com o que está sendo dito, e também com as imagens para que a mensagem que se quer transmitir seja única e não confunda o telespectador, com falta de sincronismo entre os elementos de produção da matéria. Exemplo disso é quando o repórter estiver falando do dia anterior e fizer um gesto com a mão indicado o hoje, o agora. Ou então quando estiver fazendo uma negativa na frase e seu gesto apontar de forma positiva. Nesses exemplos, a expressão corporal estará contradizendo o que ele está falando.

As entradas do repórter na matéria, com suas passagens, devem ser naturais e alguns cuidados com a postura devem ser tomados. Por exemplo, tronco curvado e ombros caídos passam imagem negativa, de desânimo. Ou a postura excessivamente dura, sem mobilidade dá a impressão de prepotência e arrogância. Essas incoerências de posturas causam também, distanciamento entre o emissor e o receptor, prejudicando a compreensão.

Em relação à melhor utilização do corpo nas passagens do telejornalismo é aconselhável manter postura natural. Na maioria das vezes o repórter é filmado da cintura para cima, em plano americano, e uma das mãos aparece segurando o microfone, que deve estar mais ou menos a um palmo do queixo. O tempo da filmagem, na maioria das vezes é curto, e um ou dois gestos com as mãos no máximo, são suficientes. Usar os gestos e afeições com comedimento é a melhor solução para uma passagem sóbria.

Os cuidados com o corpo, com a aparência devem ser preocupações do próprio repórter com aquilo que vai refletir diretamente na eficiência do seu trabalho.

A consultora de moda Regina Martelli, citada por João Elias da Cruz Neto (2008), considera que a informação deve receber muita atenção, mas na hora do repórter aparecer no vídeo é preciso saber o que pode interferir na compreensão do fato.

Essas posturas levam a crer que o telejornalismo está muito discretamente ampliando suas formas, mas muito ainda será feito. É necessária a diminuição entre a distância imposta entre emissor e receptor. Buscar cada vez mais no telespectador a cumplicidade, fazendo o repórter um componente da construção e compreensão da mensagem.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Falando com as mãos

Com exceção das transmissões televisivas em linguagem de sinais, não podemos considerar "correto" o uso desenfreado da gesticulação manual dos telejornalistas em seu vídeo. Como consideram Kryllos, Côtes e Feijó tratando deste assunto específico, em uma passagem de uma matéria de TV, desempenhar de dois a quatro pequenos gestos é o necessário. Usar dos gestos em demasia é um problema, não necessariamente para a construção da matéria, e sim para sua compreensão. Vejamos alguns exemplos ilustrativos:

1- Em uma passagem, é necessário que além da quantidade, o repórter se atente em ser coerente. De absolutamente nada adianta se ele estiver se referindo ao tempo hoje, ou ai dia de "hoje" e apontar com o polegar para trás.

2- Na maioria das vezes, quando o repórter narra um fato e faz enumerações, não necessaariamente a contagem precisa ser acompanhada com a mão, por gestos. Ele pode se eximar desta atitude mas, se o fizer, que seja coerente na enumergação e gesticulação.

3- Os jornalistas, apresentadores e âncoras, ao ler uma cabeça, nota pé ou nota seca, precisam, também, ser coerentes. Primeiramente, que não sejam exagerados. O quadro de visão do telespectador é curto, reduzido. Assim, mais cuidado deve ser tido para nada ser feito além da conta. Outro detalhe importante: a bancada é um ambiente de silêncio e seriedade, principalmente as mulheres com anéis e pulseiras, e os homens com alianças e relógios, devem ter cuidado para que cada gesto não seja acompanhado de um barulho que vaza no microfone de lapela. Assim, será, a cada gesto, um susto ou um desvio de atenção para o telespectador.

4- Nunca, em hipótese alguma, os gestos devem sair da linha baixa do campo de visão da câmera (televisão para o telespectador). Os gestos com as mãos não devem ultrapassar a linha abaixo do peitoral do profissional. Em hipótese alguma, devem ficar acima da linha dos ombros e jamais alcançar a linha do rosto.

Estas são algumas considerações que precisam ser tidas quando o assunto está sendo analisado de forma inicial. Muito ainda pode ser dito (o que faremos mais à frente). É importante lembrar sempre, que, os gestos, principalmente nas passagens em telejornalismo, precisam ser complementos para o que está sendo dito, um reforço. E nunca significar um prejuízo à matéria.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Blog, Twitter e Orkut vão contar histórias de favelas sob jugo do tráfico ou das milícias; anonimato será garantido

RIO - Durante a ocupação do Complexo do Alemão pelo estado no mês passado, depois de décadas de domínio do tráfico, foi comum ver moradores apontando para militares e policiais os esconderijos e as casas de traficantes. Os gestos e as vozes, mesmo que ainda tímidos, revelaram muito mais do que os redutos dos bandidos. Mostraram que a comunidade, que durante anos viveu amordaçada pela lei do silêncio imposta pelos criminosos, finalmente conseguia ter voz. Mas, se no Alemão a liberdade de expressão começa agora a ser mais do que um sonho distante, o mesmo não acontece na maioria das favelas do Rio, onde hoje cerca de 1,070 milhão pessoas ainda vivem sob o jugo de milicianos ou traficantes. Para conhecer suas histórias, O GLOBO lança hoje o projeto Favela Livre, um espaço que pretende, além de resgatar relatos de anos e anos de opressão nesses locais, discutir soluções.

O Favela Livre usará a nova tecnologia para falar dos velhos problemas das favelas cariocas. Um blog ( www.oglobo.com.br/favelalivre ) entrará no ar hoje, e leitores das comunidades dominadas poderão ter seus posts - contando sonhos, explicando como a violência afeta suas vidas, mostrando o sofrimento de perder um filho para o tráfico - publicados, após mediação de jornalistas do GLOBO. Os temas são livres e podem ir desde histórias cotidianas, como a obrigatoriedade de comprar botijões de gás por valores mais altos em locais indicados por milicianos, a textos sobre a esperança de mudanças nas favelas. Denúncias sobre crimes não fazem parte do projeto e serão encaminhadas à polícia. O anonimato - condição que, para muitos, significa a diferença entre morrer e continuar vivo - será garantido pelo GLOBO.

Especialistas em urbanização e violência urbana, por exemplo, também vão enviar artigos, selecionados pela editora assistente Liane Gonçalves e pelo editor adjunto Jorge Antônio Barros. Os 228 mil moradores das favelas que já têm uma das 13 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) também podem colaborar, escrevendo sobre o que mudou com a presença do estado. O mesmo vale para os 102.735 habitantes dos complexos do Alemão e da Penha, que, embora não tenham ainda UPPs, viram seus territórios serem retomados pelo poder público.

Repórteres da Editoria Rio vão ganhar espaço para contar os bastidores de suas visitas às favelas e detalhes que não foram publicados no jornal e no site. A estreia nesse campo será de Antonio Werneck, que lembrará as duas vezes em que foi à Vila Cruzeiro ocupada pelos bandidos e os primeiros momentos da comunidade retomada pelo estado:

"Fui três vezes à Vila Cruzeiro. A primeira, quando o jornalista Tim Lopes desapareceu; a segunda, para cobrir um show de Caetano Veloso; e a última, quando as forças de segurança tomaram a favela. Só pude entrar sem dar explicações ou pedir autorização quando a região voltou ao controle do estado."

Além do blog, um perfil no Twitter ( www.twitter.com/favelalivre ) receberá mensagens dos moradores de favelas aonde a democracia ainda não chegou de fato, como mostrou a série "Os brasileiros que ainda vivem na ditadura", publicada pelo GLOBO em 2007. Ganhadoras de vários prêmios, as reportagens mostraram que direitos básicos, como liberdade de expressão, direito de associação e inviolabilidade do lar, eram constantemente desrespeitados.

Um dos casos que ilustraram a série foi a história do funcionário público Cláudio Daltro Barbosa, que tatuou nas costas uma carta de 13 linhas, misto de declaração de amor e despedida, endereçada ao filho, Diego, desaparecido após um desentendimento com um PM ligado à milícia da Vila Sapê, em Jacarepaguá. Diego e o miliciano discutiram por causa de uma mulher. Depois disso, ele passou a ser um dos cerca de 7.300 casos de desaparecimentos catalogados, de 1993 até junho de 2007 pelo Serviço de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios. No vácuo deixado pelo estado, a ditadura imposta por esses grupos no Rio produziu, em 14 anos, 54 vezes mais desaparecidos que os 136 registrados em todo o país nos 21 anos do regime militar.

O Favela Livre também estará no Orkut: hoje, entra na rede social um perfil do projeto e uma comunidade dedicada a ele. E-mails também serão uma fonte de contato dos leitores, moradores e demais colaboradores. Basta mandar as mensagens para favelalivre@gmail.com. Quem não tiver acesso à internet pode procurar o Serviço de Atendimento ao Leitor (SAL) do GLOBO, pelo número 2534-4324.

"O Favela Livre é um espaço para se discutir e se conhecer histórias, que não podiam ser contadas, de quem ainda vive a ditadura do tráfico e da milícia. É também um fórum de discussão entre especialistas, moradores de áreas com UPP. Nos acostumamos a achar normal que mais de um milhão de pessoas ainda vivam fora da democracia, sem os direitos dos cidadãos do asfalto. Sempre recebi muitos e-mails de moradores de favelas, querendo contar, anonimamente, suas vidas. Agora, abrimos esse espaço" diz o editor da Rio, Paulo Motta, que teve a ideia de criar o projeto.

Como participar

O blog do Favela Livre está no ar: www.oglobo.com.br/favelalivre

Siga no Twitter:

Usuários podem escrever para @FavelaLivre

No Orkut:

Foram criados o perfil Favela Livre e uma comunidade com o mesmo nome .

Serviço de Atendimento ao leitor (SAL): telefone para 2534-4324.

Mensagens também podem ser enviadas para o e-mail: favelalivre@gmail.com

Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/12/11/blog-twitter-orkut-vao-contar-historias-de-favelas-sob-jugo-do-trafico-ou-das-milicias-anonimato-sera-garantido-923253425.asp

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A catarse televisiva

Os padrões precisam ser respeitados, as condutas também. Formas politicamente corretas de montar uma matéria para TV, bem como a postura intocável e profissional de um repórter de telejornalismo precisa ser mantida para que a informação seja passada de forma idônea e mais direta possível. Tal análise é completamente aceitável e livre de constatações. Exceto quando se trata de estar cobrindo a maior guerra contra o tráfico de drogas que o Brasil já viu – o chamado factual.

Alguns profissionais que até então mostravam sua experiência em coberturas internacionais se juntaram àqueles que, mesmo com pouca quilometragem, já têm o ardor pela busca da informação. Na prática, o que vale é quem está no lugar certo, na hora certa. A respiração ofegante do repórter, a câmera tremida por corridas e passos apressados, são facilmente respeitadas e deixadas de lado.

Tanques, armas, bombas, tiroteios, tropas e traficantes. O que sobra? A imagem. Do que serviria o belo dom da palavra se não fosse o impacto das imagens? A maior arma é a palavra munida de uma filmadora. Incomparável é ver e se emocionar com os fatos. Mas, o ser olimpiano, aquele repórter que dá sua vida em nome da profissão e da informação, desce do pedestal e se mostra como cidadão comum, passível de emoções. Mostra-se como aquele homem-profissional que, como todos, está com medo, cuidando da sua própria vida e dos seus demais. Os cameramen viram irmãos, cada passo de um, seguido pelo outro.

O repórter e a imagem

Os ternos bem alinhados e as roupas impecáveis dão lugar ao colete à prova de balas. As maquiagens retocadas e os cabelos bem aparados cedem espaço a rostos cansados, camisas molhadas e cabelos ao vento. Nada ali, nenhuma postura se torna mais importante do que emocionar. Informar tocando o telespectador.

Neste momento, a referida imagem de descuido e falta de preocupação com a aparência, que em outras situações seria motivo de críticas e de desvio da atenção do fato narrado pelo telespectador, passa a ser agente facilitador. Ou seja, o receptor da mensagem, emocionado com o alto grau de envolvimento do repórter, com a vivência do fato, se aproxima do acontecimento, tendo pena, elogiando e até mesmo sentindo orgulho do profissional. Assim, a informação fica mais bem aceita. O que era erro, vira acerto.

A catarse, que em comunicação é considerada a grande descarga de sentidos e emoções, precisa ser canalizada e tida como o grande filão da eficiência de telejornalismo. Portanto, seja como for, informar é extremamente necessário. Agora, tocar, emocionar e marcar, é essencial. O repórter e a imagem passam a ser únicos e incomparáveis.

Texto também publicado no Observatório da Imprensa.